MÍDIA-EDUCAÇÃO

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Produções de documentários com professores e alunos

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Cinema na Escola

Prof. Moysés Faria



Resumo:


Este trabalho discute a possibilidade do cinema como medida sócio-educativa inovadora e de grande atratividade para o ensino de arte-educação através da mídia, como forma de mediação desta prática cultural nas escolas। Considerando que a pesquisa com crianças pode ser uma forma de compreender criticamente a produção cultural de nossa época, o trabalho sugere que, através de uma perspectiva projetada pela produção cinematográfica proporcionada pela arte-educação para educar com o cinema, sobre o cinema e através de todos os meios disponíveis, sendo possível desenvolver um percurso didático que ultrapasse alguma fronteira no trabalho com a criança e o adolescente: das crianças e adolescentes consumidores e espectadoras às crianças e adolescentes produtores de cultura. A fim de construir uma apropriação crítica e criativa das mídias, propõe-se um percurso educativo na escola que possa assegurar a experiência da fruição, análise e criação, envolvendo a produção cinematográfica realizada com professores e alunos nas escolas.



Palavra chave:
Arte-educação। Mídia na educação। Cinema na escola. Produção cinematográfica. Crianças e adolescentes.




Introdução:
O cinema, no contexto da arte-educação como mídia educativa, pode ser compreendido a partir de diversas dimensões estéticas, cognitivas, sociais e psicológicas inter-relacionadas com o caráter instrumental da cinematografia, aplicados como suporte do ensino através da utilização de ferramentas psicodinâmicas, e sobre tudo, com o caráter de objeto temático de educar com o cinema e sobre o cinema। Ou seja, a educação pode abordar o cinema como instrumento objeto de conhecimento, meio de comunicação e meio de expressão de pensamentos, arte e sentimentos. Matisse estava certo em dizer que “os meios através dos quais a arte se expressa e o sentimento pela vida que os estimula são inseparáveis” (GEERTZ, 2002, p.148). Tomemos como exemplo o tema cinema na escola, considerando que a realização cinematográfica é por essência artesanal e quando aplicado no âmbito escolar tem força suficiente para transformar socialmente o indivíduo, em sua maneira de pensar e de agir, porque oferece a oportunidade para comunicar e expressar os sentimentos através de Mostra de filmes e do fazer cinematográfico, integrando, informando, educando, divertindo, gerando conhecimento e envolvendo professores, alunos e a comunidade escolar num trabalho coletivo e segmentado na Arte-educação, de forma bastante criativa, promovendo inclusive o fomento da arte como sistema cultural. Estudar arte é explorar uma sensibilidade; de que esta sensibilidade é essencialmente uma formação coletiva; e de que as bases de tal formação são tão amplas e tão profundas como a própria vida social, nos afasta daquela visão que considera a força estética como uma expressão grandeloqüente dos prazeres do artesanato (GEERTZ, 2002, p.149). Como observou Baxandall, o público não necessita aquilo que já possui. Necessita sim um objeto precioso, no qual lhe seja possível ver aquilo que sabe; precioso o bastante, para que, ao ver nele o que sabe, possa aprofundar esse seu conhecimento (GEERTZ, 2002, p. 158). O dicionário classifica arte como sendo “a produção consciente ou arranjo de cores, formas, movimentos, sons ou outros elementos de uma forma que toca o sentido de beleza”. Classifica ainda, como sendo um “conjunto das normas para a execução mais ou menos perfeita de qualquer coisa (especificamente, a arte abrange a poesia, a música, a pintura, a arquitetura, a escultura, a dança e o teatro). Tratado acerca dessas normas. Execução prática de uma idéia. Artifício; astúcia. Habilidade; profissão. Travessura; traquinada. Arte abstrata: a que se caracteriza por não procurar reproduzir as formas e as cores naturais; tenta exprimir somente os valores simbólicos. Arte culinária: conjunto de normas para o preparo dos alimentos. Arte mágica: feitiçaria. Artes gráficas: a pintura, o desenho, a fotografia, a fototipia, a gravura etc., relacionadas à confecção de livros e outras publicações. Artes industriais: aplicação utilitária de trabalhos manuais, artes decorativas e aplicadas, utilizadas na indústria. Artes liberais: as que exigem estudo e grande aplicação do espírito (dependem mais da inteligência que das mãos). Artes mecânicas: as que se executam mediante”. trabalho manual. Artes plásticas: as que visam à reprodução das formas físicas”, sugerindo portanto a possibilidade de introduzir o cinema como arte de produzir som e imagem em movimento, contida de várias formas e possibilitando no surgimento da variedade de expressão artística e de concepções. O cinema está presente na educação desde a década de 30. Na década de 60, o cinema marcou presença quando, a partir das revistas Cahiers du Cinéma e Screen, versou na política dos autores sobre o enfoque semiológico, e a partir de experiências em associações culturais do tipo cineclubes, círculos de cinema, cineforum, que na ocasião envolviam a projeção de filmes para um público, num projeto educativo e de sensibilização. Os avanços tecnológicos propõem para o século XXI, uma concepção integrada para a educação, usando todos os meios e recursos tecnológicos disponíveis e aplicáveis, como por exemplo o computador, a Internet, a fotografia, o cinema, a televisão, o vídeo, o livro, CD, DVD, e conforme o objetivo pretendido, cada inovação tecnológica integra-se umas nas outras. Por mais que hoje o computador, a Internet e a rede sejam importantes e até mesmo considerados condição de inserção e participação social, a arte-educação pela mídia na educação não se limita a eles, já que o objetivo central do trabalho educativo na escola não é apenas o uso das tecnologias em laboratórios multimídia, e sim que as crianças e os adolescentes atuem nesse e em outros espaços, estabelecendo interações e construindo relações e significações, devendo ser pensado também como forma de assegurar e/ou recuperar a corporeidade, o gesto, o corpo, a voz, a postura, o movimento, o olhar como expressão do sujeito e a relação com a natureza como espaço vital através do qual se constroem sentidos. Discutindo sobre o ensino com os meios, Jacquinot ressalta sobre a importância de considerar não só a mensagem como a manifestação da linguagem específica e o conteúdo como fonte de informação e saber, mas também como discussão socialmente situada, “sem esquecer que só o dispositivo de utilização pedagógica permite dar a eles um valor formativo” (JACQUINOT, 1999, p. 12). Ela diferencia os gêneros dos produtos midiáticos entre os “autênticos”, que seriam os audiovisuais feitos especificamente com a função de ensinar e aprender, concebidos para serem inseridos no contexto formativo, e os que são utilizados na escola, mas que não foram produzidos para esse fim. Nestes casos, os professores devem ter em mente seus objetivos de formação e utilizar tais meios “sem perder o seu estatuto institucional de ‘meio’, com suas dimensões tecnológica, econômica e sócio-cultural que necessitam sempre ser consideradas no trabalho com os alunos” (id., p. 11). A relação entre o texto e suas condições de existência e usos acontece numa situação comunicativa que é definida por diferentes contextos, explica Casetti (apud MOSCONI, 2005, p. 117): o texto comunicativo (constituído por uma série de discursos); o contexto circunstancial de um texto (constituído por sua colocação espaço-temporal); o contexto existencial de um texto (constituído por horizontes, saberes e práticas sociais); o contexto institucional de um texto (âmbito institucional); o contexto transtextual (referentes textuais); e o contexto de ação (atores, estados psicológicos e ações). A natureza plural do texto é composta de discursos que constituem a situação comunicativa, e o contexto também comunica. Por exemplo, na instituição escolar o filme vai ser mediado por diversos fatores, pois “a instituição assegura a sintonia entre emissor e receptor, mas regula também a sua distonia” (CASETTI, 2004, p. 282). Assim, um filme produzido para o cinema comercial e consumido como recurso didático assemelha-se a um mesmo objeto que muda de pele, pois uma ficção espetacular pode se tornar um documento de reflexão se for trabalhada em dois espaços sociais diferentes relativos ao espetáculo e à escola, como ressalta o autor. O contexto institucional atua a partir de regras heterogêneas, comportamentais, éticas e sociais quanto ao modo de assistir e de fazer cinema. Na relação cinema na escola, texto e contextos se inter cruzam e o texto fílmico torna-se um “dispositivo que opera a partir de uma rede de saberes sociais” (EUGENI, 1999, p. 7). Os saberes devem ser entendidos de duas maneiras: um saber-objeto e um saber instrumento. O primeiro diz respeito aos conhecimentos, e o segundo diz respeito às competências. Eugeni distingue ainda quatro áreas de saberes sociais: saber histórico (conhecimento da história e da dimensão coletiva do agir em dado momento histórico); saber privado (conhecimentos e competências para agir na dimensão cotidiana da existência); saber textual e intertextual (competências e conhecimentos derivados de textos de vários gêneros: livros, revistas, rádio, cinema, televisão); saber metatextual (conhecimentos e competências que orientam a relação do sujeito com os textos: cânones, rituais de fruição, competências tecnológicas específicas necessárias ao consumo, postura interpretativa e crítica, etc.). E é nesta rede de saberes que o cinema como instrumento e objeto da ação pedagógica pode atuar na construção da experiência da significação. Alain Bergala defende a presença da arte na educação enfatizando que a escola deve ser um lugar de encontro com o cinema como arte, pois entende o filme como “traços de um gesto de criação” (2002, p. 22). Ele argumenta que os filmes-arte possibilitam um confronto do aluno com uma forma de alteridade a qual este não teria acesso noutro espaço, e as escolas devem propor alternativas a isso mostrando o que as leis do mercado tornam cada vez mais difíceis. Nessa perspectiva, sua “hipótese cinema” envolve uma relação entre a abordagem crítica, a “leitura” de filmes e a passagem à ação realização.


Conclusão: Aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser, são os princípios norteadores da educação para o século XXI. Com tudo, não há verdadeira educação sem arte e verdadeira arte sem educação. Infelizmente a sala de aula tradicional é uma situação de antiaprendizado. Os alunos ficam sentados e calados até serem chamados. Eles precisam reproduzir o que o professor pede. É um aprendizado decorado. Nesse formato, o ensino de artes se torna meramente comercial e massificado, num Estado antes governado por um garotinho, e depois por uma flor chamada rosinha, num Brasil que é presidido por um molusco chamado Lula, e num mundo onde um carro chama Picasso e um boneco Leonardo da Vinci. É a verdadeira pedagogia do oprimido, em que a alienação política passa pela alienação do corpo e dos sentidos. O ensino de arte em todo o mundo é carente de uma abordagem que seja capaz de instigar o público. Há uma proliferação de feiras e cursos para a educação da arte. Mas isso não significa nada, uma vez que os próprios artistas estão conformados e muito ligados à questão comercial da arte. É uma matriz cultural e, por isso, o público não completa o processo de transformação. O conhecimento em si não resolve o problema. A única maneira de transformar esse quadro é regenerar o público com estratégias educacionais. Uma das técnicas usadas para tocar o público, qualquer que seja ele, é conectar a arte à realidade de cada pessoa. Educação através da arte é um movimento educativo e cultural que busca a constituição de um ser humano completo dentro dos moldes do pensamento idealista e democrático. Ela valoriza no ser humano, os aspectos intelectuais, morais e estéticos. A Arte-Educação é uma tentativa de melhorar a Arte na educação escolar, porém na pratica, essa educação vem sendo praticada de forma incompleta, esquecendo ou desconhecendo que o processo de aprendizagem e desenvolvimento do educando envolve múltiplos aspectos. Nas escolas de ensino fundamental e de ensino médio fica evidente a desinformação dos professores que são preparados em cursos de reduzida duração, em detrimento de uma formação aprofundada em arte e no trabalho pedagógico na área. Dominar os conhecimentos históricos relacionados com a arte-educação é de fundamental importância como subsídio para uma ação transformadora no ensino e na aprendizagem da arte na atualidade. A busca de propostas contemporâneas para tratar das questões do ensino-aprendizagem, nas instituições de ensino formal, vem sendo uma das principais preocupações dos educadores de Arte. Qual o caminho a percorrer neste novo milênio? Esta é a questão que deve ser discutida por arte-educadores de todo o Brasil. Não só o artista, mas o próprio educador, deve instigar a realidade em cada aluno, de forma que a arte surja daquilo que tenha significado para cada pessoa. É preciso sair do local fechado da sala de aula e buscar outros espaços. Só envolvendo a comunidade é que o artista consegue preservar a originalidade. Aí é que está o valor de uma arte. Uma forma de compartilhar com as pessoas o que existe no mundo. Construir os projetos coletivamente a partir do envolvimento da comunidade é uma grande estratégia. Acreditando na possibilidade de renovação, defendo a idéia de introduzir o “Cinema na Escola”, porque além dos indicadores apresentados, considero dois aspectos fundamentais: no primeiro aspecto, reside a característica inclusiva e a proposta multidisciplinar que inova o ensino com interação das disciplinas: português, ciências, história, geografia e arte, visando preparar o aluno sobre o fazer cinematográfico, a apreciação e a interpretação de filmes que permite aos estudantes, apurar seu gosto estético e seu entendimento sobre o próprio cinema. Neste sentido o cinema será trabalhado na escola como ferramenta metodológica que servirá a diversos professores, e não simplesmente como conteúdo específico das aulas de arte, mas que também será utilizado como meio para se trabalhar como apoio da disciplina de arte, diversas temáticas, cabendo aos professores a discussão estética e de recursos técnicos, abrangendo suporte, tecnologia, imagem, luz, fotografia, roteiro, cenografia, figurino, maquiagem e outros, abordando conteúdos de artes visuais, musicais e cênicas. No segundo aspecto reside a capacitação dos docentes e a preparação dos discentes sobre várias áreas do conhecimento, como por exemplo: Saúde, Meio Ambiente e outros temas que poderão ser discutidos e propostos entre professores e alunos em sala de aula. Nesta fase, adota-se a aplicação dos recursos da produção cinematográfica, no formato vídeo digital, onde alunos e professores estarão desenvolvendo o senso crítico e criativo da ação realizadora através de atividades orientadas e monitoradas por professores, arte-educadores e técnicos de cinema que poderão ser convidados para ministrar palestras e oficinas de produção cinematográfica, abrilhantando ainda mais o projeto, despertando interesse e curiosidade da comunidade escolar e comunidade local, uma vez que os alunos estarão participando de palestras, debates, oficinas e produções de filmes documentários, sobre diversos temas importantes e de grande relevância, a exemplo de Dengue, Hepatite, Leptospirose, Aids, ecologia, etc. Desta forma, os participantes serão motivados a pesquisar, identificar e propor soluções adequadas para a diminuição das principais problemáticas existentes em suas comunidades, produzindo seus próprios filmes, num trabalho coletivo. Um ensino de qualidade deverá estar, sempre, fundamentado no trabalho coletivo, por significar a integração de todos os docentes, ajudando-se mutuamente em direção a objetivos bem definidos em busca de um trabalho de qualidade em todas as disciplinas. Trabalha-se o coletivo, buscando elevar o nível de aprendizagem de acordo com as possibilidades e ritmo de cada grupo de alunos em todas as disciplinas. Cinema na Escola tem a característica de inovar o ensino, ajudando inclusive na integração daqueles professores com mau desempenho, que insiste em individualizar suas ações pedagógicas, tornando-se a fonte de todos os problemas enfrentados pela escola na busca da melhoria da qualidade do ensino. O nível de aprendizagem pode melhorar bastante com o desenvolvimento de habilidades entre professores e alunos, e por meio de conteúdos significativos, nos quais fiquem expressos os conceitos básicos de cada unidade de estudo das respectivas disciplinas. Conforme mencionado anteriormente, é fundamental que o professor use de estratégias para acompanhar como o aluno elabora e organiza o conhecimento. A aplicação da ferramenta cinematográfica, sob o contexto da arte-educação pela mídia na educação, é uma ação bastante positiva devido à inovação, atratividade e multidisciplinalidade que vem proporcionar ao âmbito escolar, e que funciona como suporte, na educação infantil, no ensino fundamental e no ensino médio, tendo em vista que as atividades propostas irão contribuir, de forma bastante significativa, para o desenvolvimento das crianças e adolescente, permitindo-os a desenvolverem seu potencial máximo como responsáveis cidadãos do mundo, através de oficinas culturais e produções cinematográficas, a serem aplicadas por educadores e técnicos cinematográficos e do audiovisual. Cinema na Escola deve ser inserido como projeto sócio-educativo e desenvolvido através de um método próprio de educação ativa, com a característica do “APRENDER FAZENDO”, fundamentado nos princípios e valores éticos, morais e sociais, levando-os a praticarem a cidadania, doando o seu tempo e talento na construção do bem comum, da dignidade e respeito à vida, e sobre tudo, aprendendo a ver Deus na criação, preservando a natureza e enfrentando todas as dificuldades, usando deste recurso para servir ao próximo, e para o desenvolvimento social, cultural e sustentável, beneficiando paralelamente, a comunidade escolar e a comunidade local, através das ações sócio-educativas desenvolvidas com Cinema na Escola.


Referências Bibliográficas:



BERGALA, Alain। L’hypothèse cinema: Petit traité de transmission du cinema à l’école et ailleurs. Paris,



BAZALGETTE, Cary. Los medios audiovisuales en la educación primaria. Madrid, Morata, 1991.



CASETTI, Francesco. Teorie del Cinema 1945-1990. 7 ed. Bompiani, Milano, 2004. ­­­­­­­



DICIONÁRIO. Novo dicionário da língua portuguesa. Editora: Rídeel, 2007.



EUGENI, Ruggero. Film, sapere, società: per un’analisi sociosemiotica del testo cinematografico. Vita e GEERTZ, Clifford. O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa.Tradução de Vera Mello Joscelyne – Petrópolis,RJ: Vozes, 2002.



JACQUINOT, Geneviève; LEBLANC, Gérard (Orgs.). Appunti per una lettura del cinema e della televisione. Editoriale Scientifica, Napoli, 1999.



MOSCONI, Elena. Il cinema nella prassi educativa: uma prospettiva pragmática. In MALAVASI, P,


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